quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Neblina

Cartas e papéis espalhados pelo chão, alguns manchados e outros amassados o que será aquilo?
Levanto de minha cama e ao pousar meus pés ao chão sinto um vento, vindo não sei de onde, pois as janelas permanecem fechadas. Penso em pegar um dos papéis, mas minha mente diz apenas para seguir, seguir o curso normal de cada manhã, abro as janelas e um raio de sol invade o quarto, cegando meus olhos por um certo momento até que se acostumem a claridade.
Viro e vou ao banheiro pisando nos papéis e lutando contra a vontade de olha-los, uma mistura também de medo de descobrir o porque de eu estar daquela forma, tão absorta e indiferente. Ao voltar do banheiro minhas mãos involuntariamente se dirigem ao chão, sento a frente de uma pilha de folhas e começo a ler.
A primeira retratava uma história de amor ocorrida a muito tempo, de acordo com que leio percebo que todas as folhas estão datadas, sendo que todas pareciam parte de um diário, mas de quem?
Organizo as folhas em ordem, levando um bom tempo para concluir a tarefa, as folhas ainda estavam com um cheiro doce, porém as primeiras folhas pareciam amareladas e com datas de 7 anos atrás. Começo a ler e percebo logo que quem escrevia se tratava de uma criança, que aos poucos ia crescendo e descobrindo a vida em si, amores, paixões, amizades, tudo parecia no seu curso normal, até que começam as folhas borradas, riscadas em uma tinta preta profunda, como se escritas com raiva, ao lê-las eu descubro que não se tratava mais da mesma pessoa, a caligrafia era a mesma, porém aquilo me assustava a cada linha, seu interior era frio e ela vivia do sofrimento de outros, aos poucos os textos voltaram ao normal, tudo parecia ter passado, o que se viam eram corações, ela acreditava ter encontrado o verdadeiro amor como descrito, mas nem tudo foram corações.
Logo eu atingi as páginas manchadas, pareciam que lágrimas haviam caído ali e borrado uma parte do texto, logo percebi que se tratava de uma desconfiança, uma quebra de bases como ela dizia: confiança, fidelidade e amor, aos poucos o texto foi tornando-se pior dia após dia, e eu me perguntava porque ela não terminava com aquilo? A resposta era simples e veio depois, ela achava que o amor era aquilo, sofrer, perdoar sempre e ser burra como ela mesma escreveu, mas se aquilo era pra ser amor que ela terminaria com aquilo e não amaria mais ninguém. E assim o fez, ela finalmente livrou-se dos sentimentos ruins e passou a viver só, na verdade como ela escreveu "Ela e a solidão", ali terminavam as páginas que eu tinha na mão e eu sabia que a história iria continuar, mas onde estavam as outras?
Procurei pelo quarto e achei embaixo da cama, dessa vez estavam em um caderno com uma capa muito bonita, diria que até meio emo =D, abri o caderno e só havia uma folha escrita, datada do dia anterior que dizia:
Hoje se começa um novo dia, um novo mundo, chegou a hora de livrar-me do passado e encaixar-me no futuro, achar um lugarzinho pra mim no coração de alguém e que eu possa também ter esse alguém no meu coração. As vezes a vida lhe prega peças para que você as vença e saiba dar a volta por cima, mas acima de tudo saiba adquirir experiências, eu aos poucos descobri o que era o amor, e que eu não preciso ser infeliz com ele. Muito pelo contrário ele tem de me trazer felicidade, e se algum dia não mais trouxer é porque não era para dar certo. A partir do dia de hoje eu serei um novo alguém que busca ser feliz acima de tudo e fazer os outros felizes, a vida me deu a oportunidade e eu não posso deixa-la escapar, amanhã eu irei jogar meu passado fora, as lembranças continuarão, porém farei o possível para lembrar-me somente das boas, e vou finalmente deixar a vida seguir seu curso e deixar de sonhar alto demais já que a queda é cada vez maior, para que depois eu possa dizer que SE UM DIA EU CAÍ EU FUI FORTE O SUFICIENTE PARA LEVANTAR E CAMINHAR.
Após ler aquilo eu não sei porque, mas sabia que tinha que fazer muitas coisas naquele dia e sabia exatamente o que fazer, pois a pessoa que escreveu o diário era eu. 
 

 

Um comentário:

João Guilherme disse...

\(*o*)/ <(show!!!) :D
Uma auto análise bélissima, principalmente da parte em terceira pessoa (eu tambem acho masi fácil tratar o personagem em terceira pessoa no ínicio, isto é, ná época que eu escrevia XD). Realmente gostei e achei muito corajoso jogar os "pedaços ruins" do passado fora.

bjs